Retrospectiva 2022: O ano em que voltamos a nos encontrar

Após mais de dois sem atividades por causa da pandemia, Clube da Bolinha realiza nove jantares e aprova oito novos membros em 2022

Mais de dois anos após o último encontro pré-pandemia, o Clube da Bolinha reuniu-se novamente, em março de 2022, para um jantar presencial. Na última terça-feira do mês, como manda a tradição, cerca de 50 Bolinhas foram ao Rancho Português para uma degustação dos melhores rótulos da vinícola Quinta do Crasto, que funciona desde 1615 no Vale D’ouro, em Portugal, e a boa conversa de sempre em uma mesa servida com bacalhau e arroz de pato. Na ocasião, a reitora Andrea Ribeiro anunciou que o ano seria de muitas atrações e variedade.

Em abril, o jantar aconteceu no Restaurante Mestiço, embalado por carnes, vinho e casa cheia. Além de dezenas de membros, alguns convidados estiveram presentes para confraternizar com os colegas, que os receberam muito bem. Os Bolinhas, ficou claro, são bons anfitriões, senão desde sempre, pelo menos atualmente.

O encontro seguinte foi no restaurante Santo Colomba, que garante servir “a melhor comida italiana de São Paulo”. Naquela noite gelada, cinco candidatos foram apresentados para entrar no clube e todos receberam as bolas brancas. Um grupo formando por mulheres, nomes tradicionais do mercado e novas lideranças, saudado pela reitora como um exemplo de diversidade. Para o diretor Mário Cruz, “votamos hoje pela continuidade do Clube da Bolinha, abrindo espaço para uma nova geração que vai seguir com a tradição e os valores que cultivamos durante todos esses anos”.

Já com a presença dos novos integrantes, os Bolinhas reuniram-se no Bistrot Parigi, restaurante francês do grupo Fasano que fica na cobertura do Shopping Cidade Jardim e oferece uma vista espetacular da cidade. Com um bom vinho argentino e cardápio contemporâneo preparado pela chef Vanessa Silva, Andrea Ribeiro comemorou que era “muito bom ver que alguns sumidos estão aparecendo novamente”.

Outros “sumidos” apareceram no mês seguinte para degustar a exclusiva paella marinera que o Figueira Rubaiyat preparou especialmente para os Bolinhas. Antes do prato principal, uma entrada com gaspacho de andaluzia, pan con tomaca, croquetas de cogumelos e batatas bravas. Tudo regado com um belo Bordón Crianza, produzido com uvas Tempranillo e Garnacha há 125 anos pela Bodegas Franco-Españolas.

Em agosto, foi a vez da culinária árabe no Arabia. As delícias do Oriente, dessa vez, foram acompanhadas por um português regional Alentejano que resultou em uma combinação perfeita. Mais dos pouco assíduos estiveram presentes, inclusive Nilton Molina, feliz por rever os amigos.

Em setembro, no Casimiro, que se apresenta como “uma deliciosa homenagem aos pratos clássicos da bela Itália”, mais uma vez casa lotada, apesar da tempestade que caiu no final da tarde, para aprovar a entrada de mais três membros. Não foi fácil, aliás, interromper o agradável bate-papo para começar a eleição. A reitora teve que bater o garfo em um copo e ameaçar subir na mesa para conseguir um pouco de silêncio. Pouco depois, todos receberam as bolinhas brancas.

O jantar no Dohmus, em outubro, foi o oitavo encontro do Clube da Bolinha em 2022, período em que oito novos membros foram aceitos. Comparado à inatividade de dois anos, muita coisa foi feita, mas ainda havia o grande encerramento.

No dia 01 de dezembro, o jantar de confraternização lotou com grande parte dos Bolinhas e seus acompanhantes. Na ocasião, teve telão com fotos e um saxofonista que embalou o ambiente com som ao vivo. A reitora e os diretores do clube agradeceram a presença de todos e prometeram mais novidades. E o jantar foi servido.

Mais três Bolinhas para o Clube

Novos membros foram eleitos em jantar no Casimiro, um dos principais italianos da capital

Em 27 de setembro, dia de mais um jantar com eleição no Clube, os Bolinhas presenciaram um início de noite de primavera com tempestade de verão e frio de inverno. Alagamento, trânsito parado e temperatura beirando um dígito formaram aquele cenário hostil que recomenda sair do trabalho e ir direto para casa. E se já está em home office, nem pensar em sair.

Mesmo assim, por volta das 19h30 quase 50 associados já tomavam vinho em uma área reservada do Casimiro, tradicional restaurante da capital que se apresenta como “uma deliciosa homenagem aos pratos clássicos da bela Itália”. Na ocasião, a culinária da velha bota veio acompanhada por um malbec argentino de Mendoza, o Alamos.

O bate-papo estava agradável, tanto que a reitora Andrea Ribeiro teve que ameaçar subir na mesa para conseguir iniciar a votação. E, rapidamente, três novos Bolinhas foram aceitos no grupo:

– Carlos André Guerra Barreiros, do IRB Brasil RE, indicado por Andrea Ribeiro

– Marcelo de Freitas, American Life Cia de Seguros, indicado por Mariugo Abrão Mussi

– Paulo Manna, da Alfa Seguradora, indicado por Celso Paiva

Aguarde a cobertura completa deste evento.

Perfil Paulo Marraccini

Engenheiro e velejador, Paulo Marraccini foi precursor da transformação digital no mercado de seguros e sua carreira de quase 60 anos é referência para os profissionais do setor

Na juventude, Paulo Marraccini planejou ser militar, mais especificamente servir na Marinha, porém um rigoroso exame de vistas atrapalhou o plano. Essa porta fechada abriu outra para uma carreira de sucesso no setor de seguros, construída em décadas no comando de grandes companhias e em destacada atuação institucional.

Tudo começou no início dos anos 1960, com um curso de engenharia eletrônica no ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica –, onde teve acesso ao melhor conhecimento em tecnologia disponível no país em uma época pré-internet. “Hoje, meus alunos do MBA perguntam se naquele tempo existia computador. Na verdade, em 1963 recebemos lá no ITA um dos primeiros computadores da IBM aqui no Brasil, que tinha 16k de memória”, lembra Marraccini.

Formado em 1965, inscreveu-se para uma bolsa de estudos no exterior e após seis meses dando aulas no ITA embarcou para um mestrado na Escola Superior de Aeronáutica da França, em Paris. Junto com os estudos, passou a trabalhar na então Thomson-CSF, hoje Thales Group, que desenvolve sistemas de informação e serviços para as indústrias aeroespacial, de defesa e de segurança.

Em 1970, ainda na França, foi para a Honeywell Bull onde começou a participar de projetos que desembocariam na transformação digital observada atualmente no setor financeiro. “Iniciamos a incorporação de tecnologia nesse segmento e fizemos, na Finlândia em parceria com a Nokia, a implantação de um dos primeiros sistemas bancários on-line do mundo”, conta. Durante o empreendimento, foi enviado à Phoenix, no Arizona, para conhecer a ARPANET, a rede de comunicações até então recém-criada pelo Departamento de Defesa dos EUA que foi a precursora da internet. E tornou-se um especialista em soluções on-line.

Com essa bagagem, assim que desembarcou no Brasil, em 1975, a então Brasil Companhia de Seguros Gerais, pertencente à AGF que operava no país desde 1903, buscou o jovem talento para desenvolver o seu sistema on-line. “Naquela época, a única companhia que tinha terminais on-line era a SulAmérica, que sempre foi pioneira nessa questão de informatização”, recorda.

Marraccini foi contratado como Diretor de Tecnologia da Brasil Seguros “sem entender nada sobre seguros”, como admite hoje, mas com grande conhecimento sobra a implantação de soluções on-line. “Logo tínhamos uma rede com mais de duzentos terminais em todo o Brasil para emissão das chamadas notas de seguros e consulta de tarifas e informações dos clientes”, diz. Já na década de 80, com o aumento da oferta pelos equipamentos, os computadores começaram a ser instalados nas agências e os corretores passaram a ter acesso à rede. “O resto é história”, finaliza.

Enquanto liderava a transformação digital da Brasil Seguros, Marraccini, antes de tudo um engenheiro bom de contas, era frequentemente convocado pela área financeira para auxiliar em complexos cálculos que envolviam juros compostos em um tempo de inflação descontrolada e calculadoras primitivas. “Depois de algum tempo assim, decidiram lá que era melhor me colocar como diretor financeiro de uma vez”, lembra.

O executivo sabia, no entanto, que o novo cargo exigiria mais do que a habilidade em matemática e foi para a FGV fazer uma especialização em finanças. Aproveitou e também fez um curso para a gestão de RH. “Com isso, acabei assumindo todo o backoffice da empresa”, resume.

Além disso, dedicou-se à criação de uma das primeiras companhias de previdência privada do país, a Prever, que a AGF estruturou junto com o Unibanco, o Bamerindus e o Nacional, bancos que nem existem mais. Também esteve à frente do fundo de previdência fechada dos funcionários da empresa até tudo ser vendido para o Itaú.

Foi por esse tempo que Marraccini começou a frequentar o Clube da Bolinha. “As primeiras vezes que estive com o grupo fui levado pelo Joaquim Aranha, meu colega da AGF. Isso foi entre 1987 e 1989. Mas só fui admitido definitivamente em 1995”.

O início dos anos 90 também marcou uma nova experiência internacional em sua carreira, quando a AGF abriu uma unidade na Argentina e o designou como Country Manager no país. “Foi um tempo bem corrido porque continuei morando no Brasil e viajando com grande frequência”, lembra. No país vizinho, esteve mais envolvido em grandes riscos e seguros industriais.

Ao mesmo tempo, Marraccini iniciou a sua bem-sucedida atuação institucional em um período de relevante transição do mercado. “Historicamente havia um tratamento diferente para as multinacionais de seguros no Brasil. Éramos até envergonhados de falar que trabalhávamos em companhias estrangeiras”, lembra, contando que ele e colegas como Pedro Purm e Mário Rossi eram “jocosamente chamados de grupo do sotaque”. Por conta desse ambiente, aliás, a subsidiária da AGF no país era chamada Brasil Seguros e a da Chubb, de Argo, por exemplo.

Mas esse cenário foi sendo gradativamente superado e, em 1995, Marraccini se tonou um representante de seguradora internacional na diretoria do Sindseg SP. Na função, um dos principais projetos em que esteve envolvido foi a criação de um protocolo único para a comunicação entre corretores e companhias. Hoje, admite que esse foi um dos poucos empreendimentos que não teve sucesso na carreira. “Trabalhei muito nisso, mas infelizmente a coisa não foi para a frente”, resigna-se.

Três anos depois foi o primeiro “estrangeiro” eleito presidente do sindicato, cargo que ocupou duas vezes, nos períodos de 1998 a 2001 e 2004 a 2007. No primeiro ano de mandato, como não poderia ser diferente, conectou a instituição à internet, mas sua prioridade foi abrir o sindicato, até então focado nos grandes grupos, para mais seguradoras. “Conseguimos agregar visões diferentes”, recorda.

Além disso, estimulou a produção de conhecimento para o mercado por meio das comissões técnicas, que passaram a atuar mais ativamente levando temas para análise e discussão e formalizando posições. E, no ano 2000, teve participação ativa na criação do Disque Denúncia, até hoje uma das principais ferramentas de combate à violência no Estado de São Paulo.

Enquanto isso, era vice-presidente de operações de uma AGF que havia sido comprada pela Allianz. “Foi um período muito agitado e, quando acabou o meu primeiro mandato de presidente no Sindseg SP, me afastei da atuação institucional para me dedicar completamente a esse processo de fusão”.

A dedicação integral rendeu bons resultados, tanto que logo foi promovido à presidente da companhia. “Mas foi por pouco tempo porque eu já estava chegando aos 60 anos e a Allianz tem como regra tirar os executivos da operação quando eles chegam a essa idade. Então, em 2003, me aposentei e fui para o conselho. Mas, hoje, aos 80, fico pensando se há vinte anos eu já estava gagá”. Não estava.

No Conselho da Allianz, sua principal função era o relacionamento institucional e dentro desse escopo voltou à presidência do Sindseg SP. No segundo mandato, priorizou a comunicação com a população e, em conjunto com o Sincor-SP, na época presidido por Leôncio de Arruda, criou o Programa Cultura de Seguro, com lançamento em um grande evento no Masp. Uma das primeiras iniciativas desse projeto que existe até hoje foi o “Educar para Proteger”, que distribuiu milhares de cartilhas informativas sobre o seguro para os alunos da rede pública de ensino.

Outra medida importante foi abrir o sindicato para as resseguradoras e para as empresas de previdência privada aberta. Nesse período totalmente voltado para a atuação institucional, além das funções no Sindseg SP, ainda foi presidente da FenSeg, diretor da FenaSeg, da FenaPrevi e da FenaSaúde.

Em 2017, após 14 anos, saiu do Conselho de Administração da Allianz também por ter alcançado a idade limite, 75 anos. Ainda longe de estar “gagá”, no entanto, imediatamente entrou para o Comitê de Auditoria da AXA e logo depois para o Comitê de Auditoria da Tokio Marine. Atualmente, participa dos dois grupos. Além disso, Marraccini é professor de Pós-graduação e vice-presidente da Academia Nacional de Seguros e Previdência. E um dos membros mais assíduos do Clube da Bolinha.

E, em paralelo à essa enorme carreira no mercado de seguros, continuou sempre ligado à Marinha como desejou desde a juventude. Realizou projetos em conjunto e, pelos serviços prestados, recebeu a Ordem do Mérito Tamandaré e a do Cavaleiro da Ordem do Mérito Naval. E, é claro, segue sendo um marinheiro, como é desde os 12 anos de idade. Hoje, comandante do próprio veleiro que conduz firme, aos 80 anos, pela Baía de Paraty.

Bolinhas reuniram-se para uma Paella no Figueira Rubaiyat

 

Em espeço reservado na tradicional casa paulistana, cerca de 50 membros confraternizaram com menu mediterrâneo de prato e vinho espanhóis

A Figueira Rubaiyat é um dos mais tradicionais restaurantes de São Paulo e jantar ao lado da figueira centenária é uma experiência obrigatória para quem mora ou está de passagem pela capital paulista. Daquela cozinha premiada, que os clientes observam pelas paredes envidraçadas, saem elaborados pratos de cardápio mediterrâneo, além dos famosos assados com carnes selecionadas de bovinos criados na fazenda do próprio grupo.

Para os Bolinhas, a Figueira caprichou em uma exclusiva paella marinera como prato principal. De entrada, gaspacho de andaluzia, pan con tomaca, croquetas de cogumelos e batatas bravas. Tudo regado com um belo Bordón Crianza, produzido com uvas Tempranillo e Garnacha há 125 anos pela Bodegas Franco-Españolas.

No amplo espaço reservado, os Bolinhas foram chegando a partir das 19h de uma noite agradável de inverno. Convidado para a ocasião, Roberto Santos estava à vontade, circulando entre os grupos e trocando ideias com todos. Outro convidado, Carlos Guerra, também se entrosou rapidamente. E o bolinha Sérgio Ruy Barroso de Mello já tinha uma taça na mão e papeava pelo salão antes de tirar a mochila das costas.

Sentados em uma mesa conversavam Rivaldo Leite, Joaquim Neto, Mario Jorge Pereira, Luiz Gustavo Miranda de Souza e Liza Maria Miranda de Sousa, recém-admitida no grupo que completou o grupo feminino naquela noite com Maria Amelia Saraiva, Márcia Cicarelli Barbosa de Oliveira e a reitora Andrea Ribeiro. Outro novato que marcou presença foi Marcos Kobayashi, que em determinado momento se divertia com algo que Farid Eid Filho mostrava no celular.

Em outra mesa, Dirceu Tiegs, Luiz Nassif, Jonson Marques e Maurício Galian conversavam sobre a Copa do Mundo no Catar e como as coisas devem funcionar para quem decidir ir ver de perto. Uma das questões era em relação ao calor e a consequente cervejinha. “Será que vai estar liberada nos estádios?”

As 20h, Andrea convidou todos para as mesas, agradeceu a presença e liberou Roberto Santos da obrigação de fazer um discurso. “Somos bem informais aqui”, brincou. O secretário Mario Cruz que, de acordo com Santos, era conhecido como o “artista do garfo” nos antigos almoços da Generalli, destacou os aniversariantes do mês e desejou um bom jantar para todos. E, logo em seguida, José Roberto Macéa deixou cair e quebrou uma taça. O primeiro incidente do tipo nos jantares deste ano.

A paella foi servida em tachos, em uma apresentação que tornou a experiência tão boa de ver quanto de comer. Após o jantar, depois das 22h, sobremesa com creme catalana e panqueca de doce de leite.

Veja aqui a galeria de fotos.

Em junho, Bolinhas reuniram-se para jantar com vista para a capital

Com as luzes da cidade ao fundo, encontro lotou bistrô no Shopping Cidade Jardim e marcou a estreia de novos integrantes

 

O Bistrot Parigi é um bistrô francês do grupo Fasano que fica na cobertura do Shopping Cidade Jardim e oferece uma vista espetacular da capital paulista, sobretudo à noite, com as luzes dos grandes prédios da Nações Unidas e da Berrini em primeiro plano. Ali, aconteceu o jantar de junho do Cube da Bolinha, regado de um bom vinho argentino e cardápio contemporâneo preparado pela chef Vanessa Silva, tudo bem adequado para o início de inverno paulistano.

Às 19h, os primeiros começam a chegar e vão juntando-se em grupos na área externa, um belo jardim ao ar livre com a temperatura agradável àquela hora graças a um grande aquecedor elétrico bem localizado. Farid Eid Filho, Dimas de Camargo Filho, Paulo Marracini, Dirceu Tiegs, Arlindo Simões, José Roberto Macea e Mariugo Abrão Mussi foram alguns dos que dos que bateram um papo tomando um vento antes de todos entrarem no restaurante.

Dentro, nada menos do que cinco mesas foram tomadas pelo grupo que somou mais de 50 pessoas na ocasião. “Muito bom ver que alguns sumidos estão aparecendo novamente”, repetiu o que já tinha dito no jantar anterior, a reitora Andrea Ribeiro. Mais do que isso, dois dos novos bolinhas já estiveram presentes para aumentar o quórum, o que não passou em branco para o secretário Mário Cruz, que deu “boas-vindas” aos colegas desculpando-se pela voz rouca de quem “tinha falado muito no dia anterior”.

Em meio aos petiscos e taças de Fincas del Sur, um belo Malbec de Mendoza, quem circulava entre as mesas poderia ver Joaquim Cesar Neto detalhando o potencial do seguro rural para Luís Felipe Pellon e um grupo em torno de Artur Santos lembrando as desventuras do mercado durante o plano Collor.

Às 20h, ouviram-se os sons de talher batendo em uma garrafa para pedir silêncio, ritual que já está virando uma nova tradição em tempos de jantares lotados e animados. Andrea Ribeiro agradeceu a presença de todos e Mário Cruz destacou os aniversariantes do mês.

Ao mesmo tempo, os garçons já serviam o jantar com entradas de salada de queijo e cabra e azeite de ervas e rosbife com crosta de mostarda e salada verde. No prato principal, escalope ao molho de vinho e batata duchesse ou peixe do dia com risoto de aspargos, emulsão de limão siciliano. Para fechar a noite, lá pelas 23h, sobremesa com sopa de morango e profiterole com sorvete de vanilla e calda de chocolate.

O próximo encontro já está marcado para o Figueira Rubaiyat, no dia 26/07, às 19h.

Enquanto isso, confira as fotos do jantar no Bistrot Parigi. Aqui.

O nome e o primeiro Decálogo

Quando foi criado, o Clube da Bolinha não tinha nome nem regras, e era apenas uma confraternização entre um grupo de amigos que crescia a cada encontro

 

Quando foi criado, o Clube da Bolinha não tinha nome nem regras, e era apenas uma confraternização entre um grupo de amigos que crescia a cada encontro. Quando chegaram a dez, os primeiros bolinhas concordaram que era necessário dar uma organizada no negócio. Precisavam, de início, de um nome, de um protocolo para eleger os novos membros e um conjunto mínimo de normas para orientar as ações.

Pensando em tudo isso junto, alguém lembrou do bloco carnavalesco Bola Preta, que aprovava, ou não, os novos sócios com um sistema de bolas pretas e brancas. Decidiram, então, adotar um processo semelhante que também já resolveu o dilema do nome. Em seguida, criaram um breve ordenamento com 10 pontos, que ficou conhecido como o primeiro Decálogo. Veja:

01. O Clube da Bolinha terá número ilimitado de membros, devendo a admissão ser feita mediante votação unânime dos associados presentes às reuniões privadas;

02. A admissão de novos membros será feita pelo sistema de bolas brancas e pretas, durante os jantares mensais;

03. Na última terça-feira de cada mês, exceto em setembro e dezembro, será realizado o jantar mensal dos membros do Clube. Mediante prévia anuência do Reitor, poderão ser feitos convites a pessoas estranhas ao Clube, ficando o convidante responsável por tantas mensalidades quantos forem os seus convidados;

04. Em setembro haverá reunião de congraçamento com outros clubes similares;

05. Em dezembro, na segunda quinzena, haverá reunião de congraçamento com seguradores especialmente convidados, para a qual cada associado terá a faculdade de indicar um convidado;

06. A mensalidade será estabelecida em reunião privada e deverá ser entregue ao Tesoureiro até o dia 15 de cada mês;

07. O Reitor será eleito pelo período de 02 (dois) anos, em setembro dos anos ímpares, em votação secreta da maioria dos presentes, não podendo ser reeleito;

08. Ao Reitor caberá dirigir o Clube em todos os setores, tendo como consultor direto o seu antecessor;

09. O cargo de Tesoureiro será exercido por um dos sócios, por indicação do Reitor;

10. O Clube possuirá uma Comissão de Honorificência, constituída por 05 (cinco) membros, escolhidos também em votação secreta pela maioria presente, cujo mandato coincidirá com o da Reitoria, à qual competirá fazer a recomendação das pessoas que o Clube distinguirá com títulos de Mérito Público, na forma do Regimento aprovado.

Tradição, diversidade e renovação na eleição dos novos Bolinhas

Grupo traz referência do setor, jovens lideranças, mais uma mulher e filhos de Bolinhas ativos

O jantar de maio do Clube da Bolinha aconteceu no restaurante Santo Colomba, que garante servir a “melhor comida italiana de São Paulo” e é comandado pelo chef José Alencar de Souza, eleito a personalidade gastronômica de 2021 pela revista Veja SP. Um local apropriado, afinal, para uma ocasião especial em que as bolas brancas abriram as portas do grupo para cinco novos integrantes.

Em meio à decoração de móveis pesados e ao som de um piano clássico tocado por um músico à altura do ambiente, a área reservada lotou com aproximadamente 50 membros, apesar da noite fria na capital. Todos recepcionados por garrafas de Antico Rosone Primitivo e Trebbiano Chardonnay, acompanhadas por canapés de salmão e de queijo melba com tomate seco, além de mini pastéis de carne e queijo que sumiam assim que aterrissavam nas mesas.

Por causa da agenda extensa, o coquetel inicial teve que ser um pouco mais curto e houve a necessidade de “enquadrar” o pessoal especialmente animado para sentarem-se às mesas. Às 19h58, após alguns apelos não atendidos, a reitora Andréa Ribeiro exigiu silêncio batendo com uma faca em uma garrafa vazia.

Controlado o ambiente, Andréa agradeceu a presença de todos e comemorou que a cada encontro mais “gente que andava sumida” está aparecendo. “Agora, quero abrir oficialmente essa noite especial em que vamos avaliar a entrada de novos colegas”, disse, e passou o bastão para o secretário Mário Cruz dar seguimento ao processo.

Na hora e meia seguinte receberam bolinhas brancas Ivan Gontijo, Liza Maria Miranda de Sousa, Alexandre Batista, Marcos Kobayashi e Dyogo Oliveira. Um grupo que, de uma vez, aumentou a presença feminina, incluiu mais um nome tradicional do mercado e trouxe jovens lideranças do setor ao clube.

“Votamos hoje pela continuidade do Clube da Bolinha, abrindo espaço para uma nova geração que vai seguir com a tradição e os valores que cultivamos aqui”, avaliou Mário Cruz. A “nova geração” é mais do que figura de linguagem, pois Liza é filha do Bolinha Luiz Gustavo Miranda de Souza, e Alexandre é filho de Mauro Batista. Andréa encerrou saudando o incremento de diversidade, “fundamental para qualquer grupo”, e reafirmou que o Clube da Bolinha precisa mesmo de mais mulheres.

Em seguida, o jantar foi servido com opções de arroz de pato, filet mignon ou peixe fresco do dia. Na sobremesa, lá pelas 23h, Perfecto di limone e frutas frescas.

Veja aqui a galeria de fotos do jantar.

O fundador Dimas

O fundador do Clube da Bolinha de São Paulo, Dimas de Camargo Maia, nasceu na capital paulista no dia 23 de junho de 1913. Aos 15 anos, já trabalhando desde os 11, iniciou sua relação com o setor no Comitê Misto Paulista de Seguros, mais tarde transformado em Sindicato das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização do Estado de São Paulo. Anos após, foi um dos diretores da entidade.

Em seguida, foi para a empresa S. Magalhães e Cia., com sede em Salvador e foi agente da Cia. de Seguros da Bahia, em São Paulo. Em 1935, transferiu-se para a Adriática de Seguros, companhia italiana, com sede em Trieste, onde permaneceu até 1942.

Naquele ano foi para a Home Insurance, representada pela empresa Eric Sadler. Cuidava exclusivamente de seguros para a cultura de algodão da empresa americana Mac Fadden. Entre suas funções, na entressafra, visitava as plantações e os depósitos, estudando alternativas para melhorar as garantias e diminuir os custos. Especializou-se nesse tipo de seguro e obteve o diploma de Técnico de Seguros, outorgado pelo Conselho de Representantes da Federação dos Seguros, em 1957.

Foi diretor do Sindicato das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização do Estado de São Paulo e, durante a presidência do Dr. Oswaldo Castro Santos, recebeu convite para apresentar um trabalho para modernizar os regulamentos do órgão e atender melhor às necessidades das Companhias. O resultado desse projeto é adotado até hoje. Aposentou-se em 1972, na Porto Seguro.

Paralelamente ao trabalho desenvolvido para as muitas companhias onde atuou, Dimas se preocupava com os rumos tomados pelo setor. E não se tratava apenas de instinto de preservação, pois ele já havia percebido o importante papel social e econômico que o seguro poderia desempenhar para o país e temia que a disputa por mercado, como era praticada no final dos anos 40, acabaria por desmoralizar a atividade e inviabilizar os benefícios coletivos que ela poderia oferecer.

Esses sentimentos levaram Dimas à pizzaria Telêmaco, na Avenida Ipiranga, naquela noite de 30 de agosto de 1948, em que fundou o Clube da Bolinha junto com os amigos Humberto Felice Júnior e João de Paula Souza Cabral.

“Amigos, precisamos de soluções, por que as palavras já se gastaram. Vamos fundar um Clube, em que possamos debater com a franqueza dos amigos os nossos problemas comuns. Vamos tentar, amparados pela amizade, superar os obstáculos que enfrentamos?”, propôs na ocasião. O resto é história.

A iniciativa de Dimas foi adotada por profissionais de outros estados e hoje existem Clubes da Bolinha por todo o Brasil. Em uma reunião que juntou Bolinhas de todo o país, realizada no Rio de Janeiro, em 1965, o Clube de Minas Gerais propôs a concessão do título de Magnífico Reitor Nacional a Dimas Camargo Maia. A sugestão foi aceita por unanimidade, como deve ser na tradição bolinha. Na reunião do ano seguinte, por sugestão dos Bolinhas paranaenses, Dimas foi promovido a Magnífico Reitor Nacional Vitalício, posição que ocupou e honrou até a sua morte em 20 de setembro de 2002.

Seleção

Um pouco da história do tradicional, e rigoroso, processo de admissão de novos bolinhas

Após a fundação, o crescimento do Clube da Bolinha em número de participantes foi lento. Em 1951, eram apenas treze membros em um aumento cauteloso mais relacionado com o rigor na seleção do que com a falta de candidatos. Desde o início foi instituído uma austeridade espartana para a inclusão de novos membros, com o sistema de bolas brancas e pretas para a eleição e a seguinte regra no regimento interno do grupo (batizado de decálogo):

“O Clube da Bolinha terá número ilimitado de membros, devendo a admissão ser feita mediante votação unânime dos associados presentes às reuniões privadas”.

Essa exigência por unanimidade dificultou a admissão de novos Bolinhas. Isso, no entanto, não parecia incomodar os membros do Clube, como relatou Alberico Ravedutti Bulcão. “Éramos, então, uns 12 ou 13 Bolinhas, muito orgulhosos disso, elitistas mesmo. Parece-me hoje que nos dava uma certa importância o poder do veto, o poder de, qual deuses, definir quem era bom e quem não era. Talvez por isso temíamos, cada um de nós, apresentar candidatos a ingresso na sacrossanta confraria. Lá um belo dia, um companheiro ousou indicar um tradicional segurador de então. Quem sabe precisasse urgentemente de uns “cossegurinhos”. No jantar em que rolariam as bolas, um outro companheiro, inflamado até, fez o elogio do candidato. Ouviram-se até palmas. Finalmente, a votação, secreta, e rolaram as bolinhas. Todas pretas. Absolutamente pretas. Foi um vexame”.

Nesse caso, mesmo o Bolinha que apresentou o candidato e aquele do discurso inflamado em favor do postulante, na hora de escolherem entre branca e preta, qual deuses, concluíram que o colega não reunia as qualidades necessárias para fazer parte do grupo.

No início do Clube, os membros sabiamente criaram um dispositivo para evitar que “vexames” como o relatado por Alberico provocassem constrangimento a profissionais notoriamente respeitados pelo mercado. Havia, para isso, a figura do sócio “cartola”, reservada a essas pessoas que passavam a fazer parte do clube automaticamente.

“A estes era convencionalmente vedado ser propostos para ingresso à incipiente confraria de então e concorrerem à sorte das bolas brancas e pretas”, explicou Humberto Roncarati, ele mesmo um dos “cartolas”.

Na segunda metade dos anos 60, esse acesso restrito passou por um questionamento objetivo. Em 1966, os bancos passaram a atuar no setor de seguros. A questão que se apresentou foi a seguinte: “Podem seguradores de bancos serem sócios?”.

A discussão foi acalorada e terminou com o argumento de Joaquim Antonio Borges Aranha. “E por que não? Seremos nós os únicos puros neste vale de lágrimas? Seremos, todos e ao mesmo tempo, umas Madres Terezas de Calcutá?” Assim, os colegas dos bancos passaram a ser admitidos.

Logo em seguida à “questão bancária”, veio a “questão da juventude”. E os jovens que se destacam no mercado? Podem ser Bolinhas, ou o Clube deve manter-se restrito às figuras mais tradicionais e experientes? Novamente uma ponderação inquestionável de Francisco Latini encerrou o assunto. “Se nos fecharmos muito, mais breve do que talvez possamos esperar, certamente seremos apenas uma saudade”.

Em 2008, o reitor no período entre 2001 e 2003, Michal Jerzy Swierczynski, concordou com o argumento de Latini e citou a renovação como uma das suas principais realizações a frente do grupo. “Na minha gestão como reitor do Clube, tive como objetivo trazer os talentos jovens do mercado segurador, o que foi concluído com sucesso e seguido pelos meus sucessores. Hoje temos, não somente aqueles profissionais mais antigos e com muita experiência, mas também os jovens trazendo as mudanças e ideias inovadoras”.

Atualmente, a exigência por unanimidade na eleição se transformou em 2/3 das bolas brancas que permitem a entrada de um novo membro.

Bolinhas se reúnem com vinho e krathong-thong

Jantar de abril teve comida tailandesa, vinho e casa cheia

Em abril, o jantar do Clube da Bolinha aconteceu no Restaurante Mestiço, embalado por carnes, vinho e casa cheia. Mais de cinquenta membros estiveram presentes junto com alguns convidados, entre eles o novo presidente da CNseg, Dyogo Oliveira.

Os “não” Bolinhas foram recebidos na porta com uma advertência motivada pela lendária receptividade dos Bolinhas “raiz”. “Todo cuidado aqui é pouco”, avisou Wilson Levorato ao pé do ouvido. Uma brincadeira, é claro, baseada em fatos reais de uma época em que os integrantes, declaradamente, não eram lá muito acolhedores com o pessoal de fora.

Em entrevista ao jornalista Manoel Teixeira de Carvalho Filho, o Nelito, o saudoso Alberico Ravedutti Bulcão lembrou aquele tempo em que as bolinhas brancas eram raras. “Éramos, então, uns 12 ou 13 Bolinhas, muito orgulhosos disso, elitistas mesmo. Parece-me hoje que nos dava uma certa importância o poder do veto, o poder de, qual deuses, definir quem era bom e quem não era. Talvez por isso temíamos, cada um de nós, apresentar candidatos a ingresso na sacrossanta confraria.” (Veja mais no texto “Seleção”).

Apesar da fama, o novo presidente da CNseg e os outros convidados da noite – Marcos Kobayashi, Alexandre Batista e Christian de Freitas – foram muito bem recebidos e rapidamente se integraram às rodinhas para falar sobre o mercado e amenidades, provando definitivamente que os Bolinhas são bons anfitriões, senão desde sempre, pelo menos atualmente.

Lá pelas 21h, o restaurante estava cheio e a conversa era animada em grupos em que se viam Paulo Marracini, José Adalberto Ferrara, Flávio Rodrigues, Jabis Alexandre, Marcelo Blay, Murilo Riedel, Boris Ber, entre vários outros, incluindo membros que não apareciam há algum tempo. Após essa longa recepção regada à vinho com kratong-thong, uma deliciosa entrada tailandesa, e crostini, a reitora, Andrea Ribeiro, chamou para as mesas e agradeceu a presença de todos.

“É muito bacana ver cada vez mais colegas nos jantares e participando das nossas atividades. Espero que a gente continue nesse ritmo”, falou. Mário Cruz apresentou os aniversariantes do mês e então os garçons serviram o prato principal com opções de bife ancho e filé mignon, salmão e namorado. Perto das 23h, brownie de chocolate ou frozen iogurte e café.

Em breve, informações do próximo evento. Acompanhem pelo LinkedIn.

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